Reportagem do jornal O Estado de São Paulo
Por Vanessa Fajardo
28/08/2024 | 21h12
Ferramenta que pode ser empregada em tarefas escolares faz com que professores de SP repensem as atividades para estimular o desenvolvimento do pensamento crítico
As ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT, têm alterado as rotinas escolares. Para evitar o mau uso, os professores decidiram levar a tecnologia para a sala de aula para que os alunos possam explorar suas potencialidades e entendê-la mais na prática.
No Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, por exemplo, os alunos do ensino médio receberam a tarefa de produzir uma redação, nos moldes do Enem, 100% por meio da IA. Os estudantes não poderiam escrever nenhuma palavra autoral. Em seguida, o docente corrigiu as produções em sala de aula, e o resultado foi que a maioria dos alunos obteve nota mediana, pois os textos apresentavam inconsistência de informação e faltava fluidez.
Apenas uma aluna se destacou. “Ela sabia o que queria e orientou bem a IA, e este é o cerne do que a gente acredita. Quando a ferramenta é usada para ajudar o aluno a aprofundar um conhecimento, o resultado é incrível, mas quando se usa para terceirizar, é péssimo. Um bom resultado depende de um bom comando”, afirma o professor Lucas Chao.
Na escola, a IA perpassa várias disciplinas. A instituição tem incentivado os professores a promoverem atividades que estimulem o uso dessa tecnologia, mas garantindo que não atribuam os resultados como algo autoral. “Nós geramos um manual que funciona como guia de utilização de IA generativa”, diz Chao.
Para o professor, é fundamental que esses sistemas sejam incorporados ao ambiente escolar, até para preparar os alunos para as oportunidades do mundo do trabalho. Mas é necessário lembrar que o vestibular, por exemplo, funciona como uma prova clássica. “Hoje trabalhamos com um consenso de que essas ferramentas são importantes e vieram para ficar.
Se existe um futuro melhor, é por meio da conscientização, de um uso crítico. Trazemos essas tecnologias para a sala de aula, mas temos os momentos de avaliação tradicional com papel e caneta. São os dois mundos.”